A retórica da imagem
Mensagem literal – (presença de um signo visual acompanhado por signos de natureza linguística/ diversas mensagens sobrepostas) – constrói um significado denotativo.
(mensagem paradoxalmente sem código - designação aplicada por se tratar de imagens que não implicavam investimento de um saber próprio, para além daquele saber ligado à percepção. (Barthes, 1964).
Outra análise mais detalhada encontra outros tipos de signos
Signo constituído pela integração e composição – (natureza plástica) – ideia de italianidade.
Signo constituído pela composição compacta de objectos diferentes – (natureza plástica).
Signo correspondente à composição global de todos os objectos – (reivindica um significado estético relacionado com a ideia de natureza morta).
Signo linguístico – (significado indica publicidade).
Estes signos atrás mencionados demonstram que a mensagem da imagem pode ser mais do que literal – O signo visual origina numa primeira fase um significado denotado, este significado torna-se num significante de um significado segundo – Conotação.
significante (1) ligado a um primeiro significado (1’), por seu turno, se torna num significante (1’) ligado a um outro significado (1’’)
Neste esquema, valores culturais e ideológicos podem actuar enquanto códigos de interpretação de mensagens visuais.
A interpretação cultural que destes códigos se cria é variável/ fluida dependendo do leitor (conhecimentos / tradições sócio culturais de cada uma na análise da imagem)
Estes segundos significados que surgem da análise do receptor da imagem constituem a Retórica da Imagem Barthes (op. cit.). As significações conotativas dadas por um intérprete podem sobrepor-se à significação literal abafando todo o valor denotativo da mensagem. As imagens passam a ter um valor argumentativo/ persuasivo (mensagem publicitária).
A mensagem visual é um sistema de signos que tem na base uma composição solidária de vários signos (de ordem icónica; ordem indexical aos quais se acrescentam de seguida signos de ordem simbólica).
Existem signos linguísticos nas mensagens visuais de uma forma útil e operativa. Sendo mensagem polissémica (diversas interpretações) há necessidade de introduzir signos linguísticos para reduzir a gama de significações possíveis. Sendo assim os signos linguísticos cortam a polissemia da imagem.
Mecanismos de ancoragem - Permitem responder ás questões "o que é?" e "quem é?" – auxiliam na interpretação do significado denotativo do signo/identificam os objectos representados (imagem é objecto de uma legenda - assume uma descrição metalinguística).
Signos linguísticos introduzidos na mensagem visual com objectivos de dirigir a interpretação (signos linguísticos têm uma função de repressão relativamente a significações não desejadas pelo emissor) .
Mecanismos de complementaridade - Quando funcionam como elementos que completam signos visuais (mensagem exige que os dois tipos de signos se intercruzam para que haja interpretação).
Gramática das representações visuais
Gunther Kress e Theo van Leeuwen (1996) incidiram os seus estudos nas significações das mensagens visuais em alguns contextos comunicacionais através da analise de uma série de signos visuais do quotidiano. O modelo desenvolvido por estes autores está focalizado numa teoria de comunicação semiótica, com raízes na semiótica social que se centra nos processos de significação dos intervenientes no circuito comunicacional. (emissor/receptor - sujeitos sociais envolvidos numa determinada cultura que contextualiza e ritualiza condicionando os aspectos comunicacionais).
Para além dos modos tradicionais de discurso (signos linguísticos) a comunicação visual torna-se cada vez mais imponente nas sociedades actuais.
Gunther Kress e Theo van Leeuwen procuram regularidades que permitam entender de que forma diferentes tipos de representação visual e diferentes relações entre si se tornaram prototípicos de modos actuais se foram induzindo determinados tipos de leitura – cerne de uma gramática das representações visuais. Deste ponto de vista, gramática significa o modo de organização que se foi desenvolvendo social e culturalmente nas sociedades ocidentais.
1.Representação – associam-se a dois tipos de estruturas:
estruturas narrativas (construção de acontecimentos representando o fazer/acções/mudança/configurações transitórias).
estruturas conceptuais (aspectos conceptuais, desligados de qualquer acção ou evento).
2.Interacção – diversos recursos que sugerem ao leitor a natureza das relações entre os participantes exteriores à imagem.
A análise das interacções pode ser efectuada em três dimensões na representação:
forma semelhante e comunicação face a face - contacto (expressão facial/gesto etc.)
distancia social (definida pela proximidade da câmara relativamente aos intervenientes - relevância na fotografia e no cinema)
atitude (vinculada pela perspectiva) - visão frontal indica envolvimento; visão diagonal indica distanciamento).
Para analisar imagens os autores importaram da linguística o conceito de modalidade - o uso desta nas representações visuais é importante uma vez que é através de diversos mecanismos modalizadores que se torna possível criar imagens que representam coisas ou aspectos como se não existissem.
Os diferentes mecanismos que permitem modalizar imagens são:
utilização da cor – (saturação/diferenciação/modulação da sombra à cor plena).
contextualização – (ausência de background ou o contrário); sugestão de profundidade – (técnicas de perspectiva).
iluminação – (grande luminosidade até quase à ausência desta).
brilho.
3. Composição – relacionada com a organização dos participantes na representação (maior ou menor ênfase de elementos que integram a representação:
localização dos elementos na totalidade da imagem (esquerda - novidade/parte inferior - "mais reais" / parte superior - "ideais")
enquadramento dos elementos (tamanhos relativos; contrastes de cor; presença ou não de linhas divisórias - sugerem ruptura entre elementos).
Tendo em atenção recepção da mensagem visual e o que é representado definem-se aqui dois tipos de participantes assim como as possíveis relações entre eles:
Participantes interagindo (quem cria / quem lê a mensagem) – exteriores ás representações visuais mas que participam na transacção semiótica correspondente à comunicação.
Participantes representados (traduzidos no objecto da comunicação) - traduzem elementos integrantes dos signos visuais podendo ser representações de pessoas, lugares, objectos ou signos remetendo para conceitos abstractos.
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