Wednesday, February 28, 2007

Mensagem Visual

A mensagem visual - I parte

Duas possíveis analises de signos:


- significação que induzem
- Elementos necessários para a organização de um discurso (comunicação emissor/receptor)

Abordar-se a mensagem visual como um elemento constituinte de um processo comunicacional, organizada com base em signos visuais (plásticos e icónicos e por vezes signos linguísticos)
Signos são organizados/ produzidos entre si com a finalidade de passar uma mensagem num contexto específico de comunicação.

Seis funções da comunicação linguística:

Referencial, expressivo/emotiva, apelativa, fática, poética e metalinguística

Signos visuais não são usados com objectivos:

Metalinguística – Imagem, enquanto signo visual, não permite descrever-se a si mesma, falar sobre si própria.

Fática – O signo visual não cria a possibilidade de interpelar o receptor no sentido de assegurar o contacto entre este e o emissor.

Signos visuais são usados com objectivos:

O Grito
Edvard Munch
Expressivo / emotiva / poética – Quando ligadas aos signos plásticos que integram o signo visual. (subjectividades expressivas do artista / cativar o espectador – campo artístico)




Apelativa – Instrumento de influenciar o receptor – mensagem publicitária




Referencial (denotativa ou informativa) – Formas de significação dos signos icónicos de natureza figurativa (Permitem a identificação do objecto que referem ou denotam dentro da função) – imagens documentais.



Todas estas distinções têm valor analítico apenas uma vez que as imagens podem criar significações múltiplas (através de signos plásticos ou signos icónicos), podendo dar origem a significados denotativos ou simbólicos ou criar emoção/adesão /repulsa no espectador.
Raramente as imagens são analisadas ou lidas em toda a sua complexidade.
A complexidade dos signos icónicos provém da criação por estes de processos semióticos sucessivos (um signo é despoletador de outro num processo múltiplo que pode ser simultâneo ou sequencial).



Signos visuais e contexto

Urinol
Marcel Duchamp
Semelhante ao funcionamento das mensagens linguísticas,a mensagem visual necessitade ser incluída no contexto onde ocorre.
O Contexto é indutor de expectativas no leitor da mensagem, expectativas essas provenientes de experiências sócio culturais previamente formadas/ conhecimentos variados / familiaridade prévia com processos semióticos idênticos (ex: imagiologia científica que necessita de ser explicada quando o receptor não dispõe do conhecimento para as decifrar – Non sense)





Non Sense – actualmente utilizado pela publicidade no sentido de surpreender o receptor ganhando assim a sua atenção sobre um determinado produto


exemplo:

http://www.pisenagrama.com/stopmotionguinness.htm

Quando o contexto não chega para entender o significado da imagem o leitor da imagem terá que orientar as expectativas sobre aquilo a que pode referir uma dada representação visual.


Três Modalidades das representações visuais:

Função simbólica – imagens usadas como símbolos de ordem religiosa/ social /política






Função epistémica – usos que valorizam as representações visuais que veiculam (imagens documentais) e aspectos cognitivos ligados ao signo visual tanto como representação como suporte de pensamento/ raciocínio (cartas/diagramas/mapas)







Os Relógios Derretidos
Salvador Dali

Função estética – imagem ligada à fruição e à emoção, de natureza individual marcada civilizacionalmente por padrões culturais (noção de belo, de artístico, etc.).










Para uma leitura do signo visual

Assumindo a imagem como signos visuais complexos e não pretendendo classificar esta como sendo icónica em oposição a outra que seria plástica, investigadores Grupo µ distinguem entre signo icónico (icónico versus pictórico figurativo) e signo plástico (figurativo versus plástico) com a intenção de estabelecer características que delimitam dois tipos diferentes de signos que embora autónomos no seu modo de funcionamento, interferem ambos da mesma forma no signo visual. Esta abordagem pretende criar uma teoria que abranja todos os signos visuais.


Três classes de elementos operacionalizaveis num signo plástico:

Textura – depende do suporte e da matéria plástica e do modo como as massas textuais são usadas (grão/mancha)

Formas – dimensão / posição / orientação relativa

Cores – espectro característico / variação/ tonalidade

Estes elementos constroem significantes que dão origem à noção de tridimensionalidade assim como significados codificados por uma cultura em formas simbólicas.
Os três elementos não dão, só por si, uma estrutura ao signo plástico uma vez que este é singular e só ganha estatuto semiótico numa determinada representação visual podendo ser conotado como símbolo ou como ícone. Os significados plásticos dependem dos conteúdos psicológicos dados pelo receptor.
A significação do signo é global visto corresponder à interacção entre elementos plásticos e icónicos (do plástico ao icónico e vice versa ou na minimização de um dos elementos de um dos signos quando o interprete cria as suas expectativas.

Três tipos de articulação entre signo plástico e signo icónico:

Relações de congruência – quando há harmonia no significado entre signo plástico e signo icónico (formas e cores completam os significados icónicos podendo haver relação de redundância)

Relações de oposição – o receptor é apanhado desprevenido, este tipo de relação pode levar ao alargamento da significação ou proliferação de significados

Relações de predominância – quando um prevalece sobre outro e vice-versa apagando o significado do outro


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