Wednesday, February 28, 2007

A Mensagem Visual - parte II

A retórica da imagem

Mensagem literal – (presença de um signo visual acompanhado por signos de natureza linguística/ diversas mensagens sobrepostas) – constrói um significado denotativo.
(mensagem paradoxalmente sem código - designação aplicada por se tratar de imagens que não implicavam investimento de um saber próprio, para além daquele saber ligado à percepção. (Barthes, 1964).

Outra análise mais detalhada encontra outros tipos de signos

Signo constituído pela integração e composição
– (natureza plástica) – ideia de italianidade.
Signo constituído pela composição compacta de objectos diferentes – (natureza plástica).
Signo correspondente à composição global de todos os objectos – (reivindica um significado estético relacionado com a ideia de natureza morta).
Signo linguístico – (significado indica publicidade).


Estes signos atrás mencionados demonstram que a mensagem da imagem pode ser mais do que literal – O signo visual origina numa primeira fase um significado denotado, este significado torna-se num significante de um significado segundo – Conotação.


significante (1) ligado a um primeiro significado (1’), por seu turno, se torna num significante (1’) ligado a um outro significado (1’’)

Neste esquema, valores culturais e ideológicos podem actuar enquanto códigos de interpretação de mensagens visuais.
A interpretação cultural que destes códigos se cria é variável/ fluida dependendo do leitor (conhecimentos / tradições sócio culturais de cada uma na análise da imagem)
Estes segundos significados que surgem da análise do receptor da imagem constituem a Retórica da Imagem Barthes (op. cit.). As significações conotativas dadas por um intérprete podem sobrepor-se à significação literal abafando todo o valor denotativo da mensagem. As imagens passam a ter um valor argumentativo/ persuasivo (mensagem publicitária).
A mensagem visual é um sistema de signos que tem na base uma composição solidária de vários signos (de ordem icónica; ordem indexical aos quais se acrescentam de seguida signos de ordem
simbólica).


Existem signos linguísticos nas mensagens visuais de uma forma útil e operativa. Sendo mensagem polissémica (diversas interpretações) há necessidade de introduzir signos linguísticos para reduzir a gama de significações possíveis. Sendo assim os signos linguísticos cortam a polissemia da imagem.




Mecanismos de ancoragem - Permitem responder ás questões "o que é?" e "quem é?" – auxiliam na interpretação do significado denotativo do signo/identificam os objectos representados (imagem é objecto de uma legenda - assume uma descrição metalinguística).

Signos linguísticos introduzidos na mensagem visual com objectivos de dirigir a interpretação (signos linguísticos têm uma função de repressão relativamente a significações não desejadas pelo emissor) .



Mecanismos de complementaridade - Quando funcionam como elementos que completam signos visuais (mensagem exige que os dois tipos de signos se intercruzam para que haja interpretação).





Gramática das representações visuais

Gunther Kress e Theo van Leeuwen (1996) incidiram os seus estudos nas significações das mensagens visuais em alguns contextos comunicacionais através da analise de uma série de signos visuais do quotidiano. O modelo desenvolvido por estes autores está focalizado numa teoria de comunicação semiótica, com raízes na semiótica social que se centra nos processos de significação dos intervenientes no circuito comunicacional. (emissor/receptor - sujeitos sociais envolvidos numa determinada cultura que contextualiza e ritualiza condicionando os aspectos comunicacionais).
Para além dos modos tradicionais de discurso (signos linguísticos) a comunicação visual torna-se cada vez mais imponente nas sociedades actuais.
Gunther Kress e Theo van Leeuwen procuram regularidades que permitam entender de que forma diferentes tipos de representação visual e diferentes relações entre si se tornaram prototípicos de modos actuais se foram induzindo determinados tipos de leitura – cerne de uma gramática das representações visuais. Deste ponto de vista, gramática significa o modo de organização que se foi desenvolvendo social e culturalmente nas sociedades ocidentais.


De acordo com o modelo as representações visuais podem entrar na cadeia de significantes de três modos:

1.Representação – associam-se a dois tipos de estruturas:




estruturas narrativas (construção de acontecimentos representando o fazer/acções/mudança/configurações transitórias).


estruturas conceptuais (aspectos conceptuais, desligados de qualquer acção ou evento).





2.Interacção – diversos recursos que sugerem ao leitor a natureza das relações entre os participantes exteriores à imagem.

A análise das interacções pode ser efectuada em três dimensões na representação:

forma semelhante e comunicação face a face - contacto (expressão facial/gesto etc.)

distancia social (definida pela proximidade da câmara relativamente aos intervenientes - relevância na fotografia e no cinema)

atitude (vinculada pela perspectiva) - visão frontal indica envolvimento; visão diagonal indica distanciamento).

Para analisar imagens os autores importaram da linguística o conceito de modalidade - o uso desta nas representações visuais é importante uma vez que é através de diversos mecanismos modalizadores que se torna possível criar imagens que representam coisas ou aspectos como se não existissem.

Os diferentes mecanismos que permitem modalizar imagens são:

utilização da cor – (saturação/diferenciação/modulação da sombra à cor plena).




contextualização – (ausência de background ou o contrário); sugestão de profundidade – (técnicas de perspectiva).





iluminação – (grande luminosidade até quase à ausência desta).








brilho.





3. Composição – relacionada com a organização dos participantes na representação (maior ou menor ênfase de elementos que integram a representação:


localização dos elementos na totalidade da imagem (esquerda - novidade/parte inferior - "mais reais" / parte superior - "ideais")

enquadramento dos elementos (tamanhos relativos; contrastes de cor; presença ou não de linhas divisórias - sugerem ruptura entre elementos).

Tendo em atenção recepção da mensagem visual e o que é representado definem-se aqui dois tipos de participantes assim como as possíveis relações entre eles:

Participantes interagindo (quem cria / quem lê a mensagem) – exteriores ás representações visuais mas que participam na transacção semiótica correspondente à comunicação.

Participantes representados (traduzidos no objecto da comunicação) - traduzem elementos integrantes dos signos visuais podendo ser representações de pessoas, lugares, objectos ou signos remetendo para conceitos abstractos.


Mensagem Visual

A mensagem visual - I parte

Duas possíveis analises de signos:


- significação que induzem
- Elementos necessários para a organização de um discurso (comunicação emissor/receptor)

Abordar-se a mensagem visual como um elemento constituinte de um processo comunicacional, organizada com base em signos visuais (plásticos e icónicos e por vezes signos linguísticos)
Signos são organizados/ produzidos entre si com a finalidade de passar uma mensagem num contexto específico de comunicação.

Seis funções da comunicação linguística:

Referencial, expressivo/emotiva, apelativa, fática, poética e metalinguística

Signos visuais não são usados com objectivos:

Metalinguística – Imagem, enquanto signo visual, não permite descrever-se a si mesma, falar sobre si própria.

Fática – O signo visual não cria a possibilidade de interpelar o receptor no sentido de assegurar o contacto entre este e o emissor.

Signos visuais são usados com objectivos:

O Grito
Edvard Munch
Expressivo / emotiva / poética – Quando ligadas aos signos plásticos que integram o signo visual. (subjectividades expressivas do artista / cativar o espectador – campo artístico)




Apelativa – Instrumento de influenciar o receptor – mensagem publicitária




Referencial (denotativa ou informativa) – Formas de significação dos signos icónicos de natureza figurativa (Permitem a identificação do objecto que referem ou denotam dentro da função) – imagens documentais.



Todas estas distinções têm valor analítico apenas uma vez que as imagens podem criar significações múltiplas (através de signos plásticos ou signos icónicos), podendo dar origem a significados denotativos ou simbólicos ou criar emoção/adesão /repulsa no espectador.
Raramente as imagens são analisadas ou lidas em toda a sua complexidade.
A complexidade dos signos icónicos provém da criação por estes de processos semióticos sucessivos (um signo é despoletador de outro num processo múltiplo que pode ser simultâneo ou sequencial).



Signos visuais e contexto

Urinol
Marcel Duchamp
Semelhante ao funcionamento das mensagens linguísticas,a mensagem visual necessitade ser incluída no contexto onde ocorre.
O Contexto é indutor de expectativas no leitor da mensagem, expectativas essas provenientes de experiências sócio culturais previamente formadas/ conhecimentos variados / familiaridade prévia com processos semióticos idênticos (ex: imagiologia científica que necessita de ser explicada quando o receptor não dispõe do conhecimento para as decifrar – Non sense)





Non Sense – actualmente utilizado pela publicidade no sentido de surpreender o receptor ganhando assim a sua atenção sobre um determinado produto


exemplo:

http://www.pisenagrama.com/stopmotionguinness.htm

Quando o contexto não chega para entender o significado da imagem o leitor da imagem terá que orientar as expectativas sobre aquilo a que pode referir uma dada representação visual.


Três Modalidades das representações visuais:

Função simbólica – imagens usadas como símbolos de ordem religiosa/ social /política






Função epistémica – usos que valorizam as representações visuais que veiculam (imagens documentais) e aspectos cognitivos ligados ao signo visual tanto como representação como suporte de pensamento/ raciocínio (cartas/diagramas/mapas)







Os Relógios Derretidos
Salvador Dali

Função estética – imagem ligada à fruição e à emoção, de natureza individual marcada civilizacionalmente por padrões culturais (noção de belo, de artístico, etc.).










Para uma leitura do signo visual

Assumindo a imagem como signos visuais complexos e não pretendendo classificar esta como sendo icónica em oposição a outra que seria plástica, investigadores Grupo µ distinguem entre signo icónico (icónico versus pictórico figurativo) e signo plástico (figurativo versus plástico) com a intenção de estabelecer características que delimitam dois tipos diferentes de signos que embora autónomos no seu modo de funcionamento, interferem ambos da mesma forma no signo visual. Esta abordagem pretende criar uma teoria que abranja todos os signos visuais.


Três classes de elementos operacionalizaveis num signo plástico:

Textura – depende do suporte e da matéria plástica e do modo como as massas textuais são usadas (grão/mancha)

Formas – dimensão / posição / orientação relativa

Cores – espectro característico / variação/ tonalidade

Estes elementos constroem significantes que dão origem à noção de tridimensionalidade assim como significados codificados por uma cultura em formas simbólicas.
Os três elementos não dão, só por si, uma estrutura ao signo plástico uma vez que este é singular e só ganha estatuto semiótico numa determinada representação visual podendo ser conotado como símbolo ou como ícone. Os significados plásticos dependem dos conteúdos psicológicos dados pelo receptor.
A significação do signo é global visto corresponder à interacção entre elementos plásticos e icónicos (do plástico ao icónico e vice versa ou na minimização de um dos elementos de um dos signos quando o interprete cria as suas expectativas.

Três tipos de articulação entre signo plástico e signo icónico:

Relações de congruência – quando há harmonia no significado entre signo plástico e signo icónico (formas e cores completam os significados icónicos podendo haver relação de redundância)

Relações de oposição – o receptor é apanhado desprevenido, este tipo de relação pode levar ao alargamento da significação ou proliferação de significados

Relações de predominância – quando um prevalece sobre outro e vice-versa apagando o significado do outro


Wednesday, February 21, 2007

Grupo μ

O signo icónico

Conceitos abordados no Capítulo IV:

Diferença entre copia e reconstrução, motivação, “objectos reais”, produção e recepção, isomorfismo, plano da expressão, plano do conteúdo, signo icónico, tipo ou classe, referente, significante, estabilização, conformidade, reconhecimento, transformações, relações significante – referente, relações referente - tipo, relações tipo - significante, diferença entre significado linguístico e visual, marca, entidade, subentidade, supraentidade, subtipo, supratipo, determinantes e determinados, adjunção, supressão, substituição, permutação, transformações geométricas, transformações analíticas, transformações ópticas, transformações cinéticas, filtrado, discretização, nitidez, profundidade de campo


Caracterização do signo icónico

Do ponto de vista da percepção, um signo icónico cria um modelo de relações (entre fenómenos gráficos) homólogo ao modelo de relações perceptivas ao que construímos ao conhecer e recordar um objecto.
O iconismo define muitos fenómenos diferentes (analogia dos instrumentos de medida e dos computadores até aos casos em que a semelhança entre signo e objecto está feita com regras sofisticadas bem como no caso da imagem espectacular). Todos estes fenómenos dependem da semiótica.
Distingue-se na noção de iconicidade duas relações distintas: o parecido (reflexivo e simétrico) e a representação.
Estes pensadores defendem que qualquer coisa pode representar qualquer coisa.
Abandonam a ideia de cópia proposta antes a ideia de reconstrução.

MODELO GERAL DO SIGNO ICÓNICO

O signo icónico pode ser definido como um produto de uma tripla relação entre três elementos

O grupo μ propõe definição tripla do signo (significante; tipo e significado) em substituição da definição binária (significante -significado)

Significante icónico – conjunto mobilizado de estímulos visuais que correspondem a um tipo estável identificado graças ao momentos desse significante. Este pode ser associado com um referente sendo reconhecido como hipótese de tipo mediante relações de transformação com o referente.

Tipo – é a representação mental constituída por um processo de integração (pode ser genericamente descrito). A sua função consiste em permitir equivalências entre o referente e o significante.
Tem características conceptuais (não tem características físicas)

Referente – designatum actualizado
O objecto não é visto como uma suma não organizada de estímulos sendo membro de uma classe onde o referente não é necessariamente real
A existência desta classe de objectos é validada por a do tipo
O referente é particular e possui características físicas.

Entre estes 3 elementos (significante; tipo e significado) são criadas relações que podem ser descritas genericamente e sincronizadamente
Estes elementos têm características espaciais sendo comensuráveis
Existe uma homologação entre modelos de relações perspectivas.
As relações que se baseiam nesta comensurabilidade ou homologação podem ser denominadas transformações. (geométricas, analíticas, algébricas, ópticas)

Operações de transformação

Compreendem dois sentidos: (significante e referente e referente e significante) – estas operações são aplicadas para postular baseando-se em características do significante
A Reconstrução por transformação feita com a ajuda dos dados proporcionados pelo tipo e pelo arquétipo
As regras da transformação são aplicadas para elaborar um significante baseado na percepção de um referente (concreto e presente / postulado) – as transformações descritas permitem dar testemunho da ilusão referencial (a que une significante e referente), bem como a equivalência de dois significantes.

Referente – tipo

Neste género de transformação existe uma relação de estabilização e integração (os elementos pertinentes extraídos do contacto com o referente são acrescentados aos paradigmas que constituem o tipo).
Por outro lado (tipo - referente) a operação constituída por uma prova de conformidade (mecanismos idênticos à terceira relação)

Tipo – significante

Os estímulos visuais podem ser objecto prova de conformidade que a partir das manifestações sensoriais formulam ou não hipóteses de tipo. Por outro lado (significante – tipo) – existe um reconhecimento do tipo – confrontar um objecto (singular) com um modelo (geral). Este tipo de estrutura baixa a forma de paradigmas
Muitos objectos podem ser corresponder a um tipo único.
Nesta transformação existem critérios de reconhecimento que são de natureza qualitativa e quantitativa.
O problema da relação entre tipo e significado é de enorme importância na semiótica geral.

Marcas

Articulando o significante em determinantes conduz na prática a um fim.
As entidades correspondentes a tipos acabam por articular-se em subentidades que correspondem a tipos subordinados.A este tipo de manifestações dá-se o nome de marcas que se definem por a ausência de correspondência com um tipo.

Estrutura do tipo

Existe hierarquia entre determinantes que correspondem a uma hierarquia de subtipos.


Tipos subtipos e supratipos

Tipo não possui caracteres visuais podendo ser descrito por uma série de características algumas das quais são visuais e outras não. Essas características estão de acordo com o nível de análise. Existem agrupamentos de tipos que mantêm entre eles relações vagas ou simplesmente estatísticas.

Transformações geométricas

Emparelhamento simples


Translação – figura encontra-se, idêntica, noutro lugar do espaço
Rotação – conservação de ângulos e longitudes – figura é idêntica mas a sua orientação modifica-se no plano.
Simetria – conservação dos ângulos e das longitudes. Figura idêntica mas invertida.
Homotecia – não conservam as longitudes (há uma redução da figura)

Emparelhamentos completos

Deslocação – compostos por translação e rotação
Semelhanças – produto da deslocação e de homotecia
Congruências – produto de translações rotações e reflexões

Transformações analíticas

Diferenciação e filtrado e algumas das suas modalidades – a estas transformações chamam analíticas porque dependem de outro ramo da matemática que é a análise.

Diferenciação

No caso das imagens aborda-se por ex. a magnitude física como a luminosidade que varia de um ponto ao outro de um campo de visão.
Esta transformação pode ser examinada pelo seu interesse económico e instrumental uma vez que permite representar um espectáculo completo mediante intervenções completamente localizadas pondo em marcha um modelo de leitura ou de decifração, segundo o qual o máximo de informação se encontra concentrado nas transições.
A transformação obtida é uma leitura do transformado de uma forma mais precisa (uma simulação)



O filtrado e a discretização

A obtenção de informação num ponto é confundida num estímulo médio que alcança o nosso olho, o qual analisa e produz uma resposta (um sinal nervoso)

Vector com 3 componentes:
L – luminosidade
S – saturação
D – dominante cromática

Cada sinal é um ponto no espaço em 3 dimensões.
Transformação filtrada – Filtração de um componente do vector que opera uma projecção dos pontos sobre um plano ou dois componentes sobre uma recta.

discretização - permitir dois ou vários valores discretos excluindo toda a variação contínua do parâmetro considerado (um tipo menos radical de filtração) - filtração incompleta

Transformações ópticas

Estas transformações afectam as características físicas da imagem no sentido óptico deste termo.

A transformação

Fixação do componente (luminosidade e brilho)
Os contrastes de quem cria a imagem não são necessariamente os mesmos do sujeito (não são necessariamente equivalentes). O Contraste derivado das técnicas e utensílios do Homem é superior ao encontrado na natureza
A luminosidade é objecto de uma transformação que é preciso implicar na definição de iconismo – transformação y.

Nitidez e profundidade de campo

Na visão normal existe um ângulo de vista sólido em que podemos distinguir várias zonas concêntricas.
A Profundidade de campo pode ser fortemente diminuída por um objecto com foco largo e pouco diafragma e por outro lado aumentada por outros dispositivos.

Transformações cinéticas

Implicam a deslocação do observador com relação à imagem. Esta deslocação afecta a relação entre significante e outros elementos do signo. Neste grupo encontram-se principalmente a Integração e a anamorfosis que nos conduzem à multi-estailidade.
O funcionamento das tramas e dos plumeados baseia-se em certas propriedades do nosso sistema sensorial. Os conceitos de ordem próxima e longínqua são aqui referidos.

Transformação iconismo e retórica

3 Questões de importância desigual a propósito da transformação

1 – Determinadas propriedades das transformações que a classificação destaca.
2 - Hipótese de uma escala de iconocidade que foi formulada em mais de uma ocasião estando ligada ás transformações.
3 - Trata do carácter possivelmente retórico.

Algumas possibilidades das transformações

O icononismo estabelece uma distância entre referente e significante, distancia que se descreve por uma série de transformações

Homogeneidade das transformações – uma certa transformação é homogénea ou heterogénea dependendo como afecta ou não a totalidade do campo que se deve transformar.

Equivalências – transformações simétricas, reflexivas e transitivas
Homeomorfia – transformação característica dum ramo particular da geometria (não métrica)

Estas teorias procuram uma descrição rigorosa das observações intuitivas a propósito das imagens (problema do iconizado)

a)As transformações icónicas são reversíveis / simétricas· (é necessário sair da teoria das transformações para distinguir a imagem do seu modelo)

b)As transformações icónicas são compostas entre elas / transitivas (Podem ou não exercer-se operações retóricas sobre a (a) ou b)) bem como nas duas e neste caso é possível q b) anule a a))

Transformação e escala de iconicidade

Na imagem, a informação não está repartida uniformemente. A transformação é uma operação que trata de um conjunto de traços espaciais atribuídos ao referente. A ideia de escala mostra que é possível situar todas as transformações em função de um tamanho quantificável de iconicidade.
É necessário conceber estas transformações também num plano qualitativo e ter em conta os tipos icónicos que correspondem estes objectos
No reportório dos tipos, tais objectos podem ter estatutos geométricos mais ou menos forçados
A Dimensão pragmática das transformações é o factor que explica a intuição de uma escala de iconicidade.
Uma teoria dos tipos para funcionar de modo satisfatório deve planear unidades estruturais hierarquizadas em múltiplos níveis.
Para a teoria das transformações não basta explicar o fenómeno da iconicidade, tem que descrever com precisão um dos seus parâmetros.

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Como é que eles equacionam a importância da existência de elementos plásticos nas composições visuais?

É a introdução de elementos plásticos nas composições visuais que distingue o signo icónico do signo plástico. Enquanto que aquele remete para o seu referente – apesar de nunca nos podermos alhear do papel desempenhado pela cultura na capacidade de ler esses signos – o signo plástico mobiliza uma multiplicidade de valores a partir de experiências sensoriais a nível de forma, dimensão, textura, posição e orientação para a atribuição de significações. Esses valores não têm necessariamente que ver com referentes sendo mesmo possível alguma arbitrariedade na tendência ora para o simbolismo ora para o iconismo O signo plástico pode ser também abordado a nível conceptual, isto é, da coerência, organização dos elementos dentro do enunciado O signo plástico pode ser também abordado a nível conceptual, isto é, da coerência, organização dos elementos dentro do enunciado O signo plástico pode ser também abordado a nível conceptual, isto é, da coerência, organização dos elementos dentro do enunciado

Como se interpenetram elementos plásticos e elementos conceptuais?

A despeito da potencial arbitrariedade de relação no signo plástico entre indicante e indicado e da multiplicidade de composições e significados possíveis, logo grande instabilidade tenta-se encontrar e definir neste tratado que elementos semânticos estão presentes de forma estável na generalidade de ícones plásticos, chegando assim a categorias como forma, cor, espaço e textura tanto a nível de significante como de significado. É a utilização destas categorias e suas subcategorias que permite a análise conceptual do signo plástico. Não é possível atribuir um conteúdo ou um significado unívoco às expressões cromáticas ou ao grão dum enunciado ou mesmo à articulação das várias formas entre si e com o fundo. No entanto é o reconhecimento da presença, ausência ou variabilidade da unidade semiótica que permite, por exemplo, alguma categorização.
O signo plástico pode ser também abordado a nível conceptual, isto é, da coerência, organização dos elementos dentro do enunciado

O que é um signo visual?

Costuma falar-se no signo visual por oposição a signo verbal argumentando que enquanto este tem carácter simbólico o signo visual remete para um objecto que representa por qualquer tipo de semelhança. Porém o signo visual também pode agregar significados arbitrários, convencionais e culturais.
Por outro lado o signo visual que engloba a imagem no seu conjunto que possui um referente de aparência real não poderá chamar-se por essa razão signo icónico?
E se tem um referente do mundo real como distingui-lo, por exemplo duma obra de arte de características mais naturalistas cuja função não é efectivamente a remissão para o objecto real, mas sim a de agregar uma multiplicidade de significados expressivos e mesmo simbólicos através das linhas formas, cores, etc?
Esta complexidade de abordagens permite-nos pois usar a expressão signo visual como uma categoria global empírica de signo, mas dada a falta de estabilidade de características, levou à necessidade de distinguir dentro do signo visual duas categorias fundamentais: signo icónico e signo plástico.

Que desdobramento se pode assumir num signo visual e como aplicar este modelo a um caso concreto?

O signo visual seja ele icónico ou plástico pode ser abordado, como qualquer signo, do ponto de vista do significante ou do significado. Assim, imaginemos, por exemplo, a repetição duma mesma forma num enunciado: o modo como estão distribuídas, orientação, as diversas dimensões usadas, a própria interacção com texturas diversificadas podem potenciar significações de tensão ou equilíbrio, conformidade com referentes ou simbolismos culturalmente mais ou menos aceites ou reconhecidos, etc.

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